âSenhor, dá-nos sempre desse pãoâ. 2w3e5m
Primeira Leitura: O maná descido do céu, no tempo de Moisés, foi o alimento providencial que Deus enviou ao seu povo para o sustentar durante a travessia do deserto, a caminho da Terra Prometida. Jesus vai citar este acontecimento na terceira leitura e faz sobre ele a respectiva catequese. O maná era alimento para matar a fome corporal. Mas há fomes mais urgentes e mais exigentes, as do espÃrito. O maná é chamado pão do céu, só porque vinha do alto; mas do Céu virá um Pão que dará a vida que não morre: Cristo, Aquele que o Pai celeste enviará.
O Salmo 77 – O Senhor deu a comer o pão do céu.
Segunda Leitura: Jesus Cristo, o Filho de Deus, ao fazer-Se homem, fez aparecer sobre a terra o que S. Paulo chamou o âhomem novoâ. Ele é a Cabeça de um Corpo novo, do qual os cristãos se tornam membros pela fé e pelo Baptismo. Ele é agora o padrão por onde os outros homens poderão aferir a sua existência e a sua vida. A vida dos cristãos é também agora a vida deste Corpo mÃstico, a vida de Cristo vivida pelos seus membros. Vida nova requer nova maneira de a viver!
Evangelho: Depois da multiplicação dos pães, Jesus faz um longo comentário, em que Se vai apresentando, pouco a pouco, como o verdadeiro pão da vida. Ele é o verdadeiro Moisés, ou melhor, é Aquele que realiza agora em plenitude a missão que Moisés, no Antigo Testamento, realizou como figura dos tempos de Jesus. Hoje o Senhor convida-nos a recebê-lâO, antes de mais, pela fé.
Reflexão 42182r
CarÃssimos em Cristo, no Domingo ado, deixamos o Senhor Jesus orando a sós no monte, após ter multiplicado os pães e despedido a multidão. Está no capÃtulo VI de São João: do monte, Jesus atravessa o mar da Galileia, caminhando sobre as águas. Ao chegar do outro lado, lá esta o povo a sua espera⦠Sigamos, as palavras do Senhor nesta perÃcope, pois elas nos falam de vida, falam-nos do Cristo nosso Deus!
Primeiramente, Cristo censura duramente o povo: procuram-no â como tantos hoje em dia â não porque viram o sinal que ele realizou! Mas, que sinal? Fez o povo sentar-se na relva, como o Pastor do Salmo 22 faz a ovelha descansar em verdes pastagens; prepara uma mesa para o fiel, multiplicando-lhe os pães, como Moisés no deserto⦠Ante tudo isto, amados em Cristo, o povo ainda pensou em Jesus como sendo o Profeta que Moisés prometera (cf. Dt ); mas, infelizmente, não ou disso. Daà a repreensão do Senhor: aqueles lá o procuravam simplesmente porque comeram pão, como hoje tantos o procuram para ganhar benefÃcios â e, assim, são enganados pelos charlatões de plantão! A prova de que o povo não compreendeu o sinal, é que ainda vai perguntar no Evangelho de hoje: âQue sinal realizas? Que obra fazes?â Como estes, lá com Jesus, se parecem conosco, tantas vezes cegos para os sinais do Senhor na nossa vida!
Observai, irmão! Notai como os judeus não conseguem compreender que o que Jesus quer deles é a fé na sua pessoa e na sua missão! Vede como eles pensam que podem agradar ao Senhor simplesmente com um fazer exterior, sem compromisso de amor que brota do coração: âQue devemos fazer para realizar as obras de Deus?â Fazer! De nós, Jesus quer muito mais do que um simples fazer! Eis a resposta do nosso Salvador: âA obra de Deus é que acrediteis naquele que ele enviou!â Resposta irável: tua obra, cristão, já não é cumprir a Lei de Moisés; também não é fazer e fazer coisas, mas crer e amar a Jesus! Daà sim, tudo decorre, e também tuas boas obras, feitas por amor a Jesus e na fé em Jesus, serão aceitas pelo Senhor!
Diante da palavra do Cristo, os judeus duros de compreender, pedem a Jesus outro sinal! Não compreenderam o que ele fizera! E ainda citam Moisés, como que dizendo: Tu nos deste pão agora; Moisés nos deu o maná por quarenta anos! AÃ, o nosso Salvador faz três revelações surpreendentes e consoladoras! Ei-las:
Primeiro: Aquele maná dado por Moisés não é o pão que vem do céu. à pão terreno mesmo, dado por Deus; pão que mata a fome do corpo, mas não enche de paz o coração; pão que alimenta esta vida, mas não dá a Vida divina, a Vida que dura para sempre! Aquele maná do deserto era apenas pálida imagem de um outro maná, de um outro pão que o Pai daria mais tarde.
E aqui vem a segunda revelação, surpreendente, consoladora: agora o Pai está dando o verdadeiro maná, o verdadeiro Pão do céu, que dá a vida divina ao mundo: Moisés não deu (no ado); meu Pai vos dá (agora, no presente)! Os judeus ficam perplexos, irados; e pedem: Dá-nos desse pão! Pão que alimenta a fome de vida, de paz, de sentido, de eternidade!
Jesus faz, então, a terceira e desconcertante revelação: âEu sou o Pão da vida!â Pronto: o pão verdadeiro é uma Pessoa, é ele mesmo! Os pães que ele multiplicara eram imagem dele mesmo, que se nos dá, que nos alimenta, que nos enche de vida: âEu sou o Pão da vida! O Pão que desce do céu e dá a vida ao mundo! Quem vem a mim nunca mais terá fome de vida e de sentido de existência; quem crê em mim nunca mais terá sede no seu coração!â
Eis, meus caros! Corramos para Jesus! Seja ele nosso alimento! E dele nos alimentando, sejamos nele, novas criaturas, despojando-nos do homem velho, deixando o velho modo de pensar, que conduz não à Vida, mas ao nada, como diz o Apóstolo na segunda leitura! Se nos alimentamos de Cristo, se bebemos de sua santa palavra, como poderemos pensar como o mundo, agir como o mundo, viver como o mundo? Como ainda poderÃamos consentir nas velhas paixões que nos escravizam?
Que alimentando-nos de Jesus, Pão bendito de nossa vida, nós atravessemos o deserto desta vida não como o povo de Israel, que murmurou e descreu, mas como verdadeiros cristãos, renovados pelo Senhor, despojados da velhice do pecado e saciados de vida eterna, vida que é o Cristo nosso Deus, bendito pelos séculos dos séculos. Amém.
D. Henrique Soares